segunda-feira, 17 de abril de 2017

A permanência do afeto


i.                    Little


Olhar desconfiado, cabeça baixa, retraimento e sentimento de deslocamento social. Chiron cresce em um ambiente hostil, a começar pela relação conflituosa com a mãe, usuária de drogas.
Criança, indefesa, sobrevive às dificuldades de conviver em uma vizinhança barra pesada. É de poucas palavras, e como os tímidos, possui uma vida interior rica e singela.
A infância e a relação com outros meninos faz aflorar nele dúvidas quanto à própria identidade. Não se reconhece no grupo.
A solidão e o mutismo encontram conforto na relação com o traficante do local, Juan, que se revela a substituição da figura paterna. 
Este é o retrato da infância de Chiron, perpassada pela fotografia intimista, iluminação escura e azul, como a luz do luar. Porque, segundo Juan, sob a luz do luar, todos os meninos negros são azuis, lembrando que a expressão “blue” em inglês significa além de azul, melancolia.

               ii.                  Chiron

 Durante a adolescência de Chiron, os conflitos com os colegas de escola se acirram. Vítima de ataques e acusações referentes à homossexualidade, permanece o sofrimento diante do grupo.
Em frente ao mar, sob a luz do luar, o jovem descobre, com um amigo, a proximidade, o desejo e o afeto.
Contudo, o meio não favorece o encontro entre ambos, e, após experiências de dor, em uma briga de escola, Chiron acaba sendo preso.

iii.                Black


Já adulto e com nova roupagem, Chiron envolve-se com o tráfico. Mas por baixo da nova aparência, permanece algo de ingênuo e sincero em si. A permanência do afeto.